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Os brasileiros,

a internet e os 

perfis fakes

Por mais que existam entraves estruturais no acesso à internet no Brasil, é notável que perfis fakes humorísticos que personificam políticos, celebridades e personagens ganham alta popularidade em território nacional.  

É inquestionável a relevância que o meio digital têm no mundo globalizado. Nos dias de hoje, é quase distópico imaginar um futuro sem a internet. Dado o valor social e econômico da rede e os crescentes investimento em produtos tecnológicos que atendam as demandas humanas, a previsão é que a web ocupe um local de destaque cada vez maior no cotidiano dos indivíduos. 

 

Entretanto, pouco mais da metade da população mundial tem acesso as inúmeras ferramentas e possibilidades que a rede propicia.

 

Segundo dados do relatório "Estado da Banda Larga 2019”, realizado pela Comissão de Banda Larga, grupo composto por representantes da International Telecommunication Union  (ITU) e da Unesco, nos dias de hoje, exatamente 51% das pessoas no mundo estão inseridas no ciberespaço. 

 

 


 

 

 

Como é possível observar, existe uma estratificação entre a camada de pessoas que podem acessar informações compartilhadas no ambiente digital e outras que não tem essa possibilidade.

 

No Brasil, também é notável essa desigualdade. 

Por mais que o número de brasileiros inseridos no mundo tecnológico tenha aumentado, o acesso à internet no país ainda não é plenamente democratizado. 

Restrições financeiras e territoriais são os principais motivos para esse fato. Os indivíduos que residem nos locais mais afastados dos grandes centros urbanos nacionais e possuem as menores rendas são também os mais excluídos do ciberespaço.

 

No vídeo à direita, a advogada e fundadora do IP. rec - Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife Raquel Saraiva tece reflexões sobre esse tema e aponta as razões para essa desigualdade:​

 

 

a banda larga no país

é uma das mais caras 

Em fevereiro de 2019, a pesquisa Global Mobile Data Price do site britânico Cable colocou o Brasil na 74ª posição da lista de cem países com gigabyte mais caro na franquia móvel. 

 

 

celulares e zero rating

Para muitos brasileiros as redes sociais são a internet

 

De acordo com a cartilha Desinformação: ameaça ao direito à comunicação muito além das fake news (2019), produzida pelo Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social, a prática conhecida como “zero rating” (ou tarifa zero) é uma das responsáveis por essa realidade. 

Como consta no documento, essa prática advém de acordos comerciais entre empresas de telefonia e determinadas plataformas digitais onde a primeira passa a favorecer o acesso dos conteúdos da segunda de maneira privilegiada.

 

Como isso influencia no uso das redes sociais? As operadoras telefônicas oferecem pacotes de planos pré-pagos onde o uso, por exemplo, do Whatsapp e/ou do Facebook não são descontados da franquia.
 

 

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Zero Rating - Raquel Saraiva
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No áudio à esquerda, a advogada e fundadora do IP.rec - Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife Raquel Saraiva explica como a prática de zero rating limita o acesso a internet no país. 

Ao fornecer apenas essa opção de navegação no ciberespaço as empresas atingem negativamente os brasileiros que estão nas faixas econômicas mais pobres e que só têm acesso a internet por meio de seus dispositivos móveis.​​ 

 

A Pesquisa TIC Domicílios 2018 do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação  (Cetic.br), aponta que, no Brasil, o número de aparelhos já supera o de habitantes. Na zona rural, 77% dos usuários de internet se conectam exclusivamente pelo telefone e 20% usam celular e computador. 

Muitas vezes, a depender do tipo de plano ofertado, o usuário não dispõem de dados sequer para abrir um link externo a essas aplicações, permanecendo sua capacidade de navegação e de checagem de informações dentro dos limites daquela plataforma, ampliando-se as condições para a formação de desinformação.

Cartilha desinformação: ameaça ao direito à comunidade muito além das fake news. Intervozes, 2019

 

 

No vídeo abaixo, a professora do curso de Rádio, TV e Internet da Universidade Federal de Pernambuco Cecília Almeida fala sobre o consumo dessas redes pelos brasileiros:

De acordo com informações da pesquisa anual TIC Domicílios, realizada pelo Cetic.br, 70% da população brasileira está inserida no mundo digital. Já segundo  o relatório Digital in 2019 da agência especializada em social media We are Social em parceria com o Hootsite, o Brasil contabiliza mais de 100 milhões de usuários de redes sociais.

Os números acerca dos hábitos de consumo de internet no Brasil mostram que as mídias sociais são os principais sites utilizados em território nacional

O acesso diário dos brasileiros as mídias é um dos mais altos. Em média, gastamos 225 minutos por dia nessas plataformas, o que nos faz ficar em segundo lugar no ranking mundial dos países que mais gastam tempo nas redes; esses são dados de 2018 da empresa de pesquisa GlobalWebInde.

Apesar todas essas dificuldades, os brasileiros têm forte presença na internet

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O BRASILEIRO SABE RIR DE SI MESMO E USAM O FAKE PARA ISSO

Ilustração: Página Bode Gaiato

UM TRAÇO CARACTERÍSTICO DOS BRASILEIROS No CIBERESPAÇO É O HUMOR. Por mais que existam empecilhos estruturais no acesso à internet no país, perfis que usam do fake para personificar objetos, veículos midiáticos, figuras públicas como artistas, políticos e personagens animados ganham o apreço dos internautas.

Esses perfis tem como ponto em comum o objetivo de reinterpretar situações do cotidiano de milhões de brasileiros de modo engraçado.

A finalidade principal dos usuários que os criam é provocar o riso. 

 

Esse humor pode ser utilizado para homenagear os traços culturais de uma região do país, como faz o perfil Bode Gaiato, ou criticar costumes da sociedade, como a conta Irmã Zuleide.  No vídeo abaixo, Cecília Almeida aborda um pouco sobre essas diferentes perspectivas:           ​ ​

 

 

 

 

 

 

A jornalista Bruna

Ribeiro, em sua pesquisa

Vida em off & vida fake: antagonismo ou semelhança nas redes sociais categoriza os perfis fakes em dois grupos: os de entretenimento e os de interação.

 

os perfis fakes humorísticos se enquadram na primeira categoria.  

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HUMOR PARA DEBATER POLÍTICA​

 

A maioria dos brasileiros encontra no espaço virtual uma maneira de se recriar e lidar de forma melhor com os problemas sociais do Brasil. Por isso, os perfis satíricos que retratam de modo bem humorado as mazelas do país possuem alto nível de compartilhamento entre os usuários da rede. 

Isso porque o conteúdo transmitido por esses perfis é composto por  humor autocrítico. Os seguidores  criam uma identificação e se envolvem com o que está sendo debatido. O formato de publicação composta por imagens e frases que despertam risadas, os chamados memes, também é um fator para  o sucesso dessas contas.

Um exemplo claro de página humorística que usa da identidade de um parlamentar é o perfil no Facebook "Dilma Bolada". A conta faz uma paródia da imagem da ex presidente Dilma Rousseff para abordar episódios da política nacional.

 

Criada em 2010 pelo publicitário Jefferson Monteiro, atualmente, esse perfil no Facebook soma  mais de 1 milhão de seguidores. ​Em 2013, Jefferson já teve a oportunidade de estar presente com Dilma, o  que fez a sua identidade ser conhecida por todos os que seguiam a página. 

 

 

 

 

 

"O HUMOR NÃO É CRIMINOSO"

No vídeo abaixo, a também professora do curso de Rádio, TV e Internet da UFPE Carolina Dantas explica que, diferente dos perfis fakes criados para encobrir delitos, os criadores de contas humorísticas como Jefferson Monteiro não tem a intenção de esconder suas reais identidades.

 

O certo é que desde que o perfil seja criado para usos moderados, não há mal algum em se recriar de quantas formas desejáveis na internet. E criatividade é que não falta para os internautas brasileiros.


 

FAKES DE ENTRETERNIMENTO

"De acordo com a minha análise, os perfis de entretenimento são aqueles em que a pessoa cria um personagem para o fim de entreter o público em geral, em sua maioria perfis de pessoas comuns, que não são fakes. Exemplos seriam a Gina Indelicada, Hugo Gloss, etc."

 

FAKES DE interação

"Já os de interação são criados explicitamente no intuito de criar um personagem, com características diferentes ou parecidas com as suas na vida offline, para conviver online com outros personagens criados para este mesmo fim."

 

exemplos de páginas fakes de humor

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